Foto: Venilton Küchler/SESA |
A Secretaria Estadual da Saúde encerrou nesta terça-feira (14), em Curitiba, o ciclo de seminários regionais, com o objetivo de reduzir os problemas causados pelos agrotóxicos. Ao longo de oito meses foram realizados nove eventos que reuniram mais de 600 gestores, pesquisadores, profissionais de saúde e trabalhadores que atuam na área.
A realização dos seminários é uma das diretrizes da política estadual de saúde do trabalhador lançada em 2011 pelo Governo do Estado. Após as discussões, foi proposta a criação de comitês intersetoriais para tratar o tema de forma permanente em cada um dos 24 municípios definidos como prioritários pelo Centro Estadual de Saúde do Trabalhador (Cest).
De acordo com o superintendente de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz, o objetivo é colocar a questão dos agrotóxicos na agenda dos municípios, já que o uso indiscriminado desse tipo de produto traz diversos prejuízos à população. “O agrotóxico não é um problema apenas ambiental, mas também reflete diretamente na saúde de trabalhadores e consumidores. Por isso, devemos atuar em conjunto para articular ações que reduzam o risco à população”, disse.
Hoje, o Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos no mundo e esse consumo vem crescendo ano a ano. Devido à forte produção agrícola, o Paraná enfrenta situação parecida. Segundo levantamento do Cest, o Estado concentra 14 indústrias de agrotóxicos, sendo quatro somente em Curitiba e Região Metropolitana.
ORGÂNICOS – Edinei do Nascimento, representante do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção ao Meio Ambiente, afirma que o momento é preocupante e por isso é preciso fomentar cada vez mais a prática da agroecologia. “Temos diversas ações voltadas ao incentivo do consumo de alimentos orgânicos. Iniciativas como a do Paraná, que oferece merenda escolar orgânica, deveriam ser seguidas”, ressalta.
Desde o início de 2014, a Secretaria da Saúde monitora a qualidade dos produtos da agricultura familiar ofertados na merenda escolar da rede estadual. A análise de resíduos de agrotóxicos garante a segurança das refeições servidas aos mais de 1,3 milhão de alunos paranaenses.
NÚMEROS – Anualmente, o Paraná registra em média 1,3 mil casos de intoxicações agudas por agrotóxicos. Outro tipo comum de intoxicação é a crônica, que acontece a partir de uma longa exposição a um determinado produto. As maiores vítimas são os trabalhadores rurais que desenvolvem problemas de saúde de maneira gradativa e silenciosa.
O diretor do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador, José Lúcio dos Santos, explica que é muito difícil identificar a intoxicação crônica precocemente. “Nesses casos, é preciso que a equipe de saúde esteja atenta aos sintomas e relacione com o trabalho do paciente”, conta.
Para auxiliar os profissionais, o Estado editou um protocolo pioneiro no país que direciona o atendimento, diagnóstico e vigilância dos casos de intoxicação crônica por agrotóxicos no Paraná. O documento está disponível na página da Secretaria da Saúde: www.saude.pr.gov.br
AGRICULTURA – Outra ação colocada em prática no Paraná para reduzir o uso de agrotóxicos é a campanha “Plante seu Futuro”, que tem como tema a adoção de boas práticas de Manejo Integrado de Solos e Águas, Manejo Integrado de Pragas, Manejo Integrado de Doenças, Manejo Integrado de Plantas Invasoras, Tecnologias de Aplicação de Agrotóxicos e Controle de Formigas Cortadeiras.
A grande ferramenta da campanha é o resgate de práticas antigas e já conhecidas do agricultor e que ao longo dos anos foram deixadas de lado, como o controle biológico, de manejo e genéticos. A recomendação é recorrer aos agroquímicos somente quando for necessário. Para isso, inicialmente o agricultor conta com o auxílio de um profissional a campo, que pode ser um técnico do poder público ou da iniciativa privada, que vai ajudar o agricultor a tomar a decisão de aplicar ou não o agrotóxico na hora certa.
Os resultados da primeira etapa da Plante seu Futuro comprovam que nas unidades demonstrativas instaladas para controle e monitoramento da incidência de pragas e doenças nas lavouras de soja, a média de aplicações de agrotóxicos foi reduzida à metade.
Em áreas onde o Manejo Integrado de Pragas (MIP) não foi adotado, a média foi de cinco aplicações de inseticida nas lavouras de soja do Paraná. Nas áreas assistidas pela Emater-PR – unidades de referência - , a aplicação de inseticidas foi reduzida para 2,3 vezes.
De acordo com a Embrapa, os resultados foram obtidos na safra 2013/14, em 46 unidades de referência, conduzidas pela Emater-PR, com 330 produtores do Estado, em que se avaliou o impacto de utilização no Manejo Integrado de Pragas.
A campanha tem a parceria de entidades como a Federação na Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), Emater, Iapar, Itaipu Binacional,Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Banco do Brasil, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Apepa (Associação Paranaense de Planejamento Agropecuário), entre outras.
Fonte:
http://tnonline.com.br/
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