domingo, 12 de outubro de 2014

Embrapa foca "intensificação sustentável" em pesquisas


Presidente da Embrapa fala sobre aumentar investimentos em P&D (Foto: Raphael Salomão / Editora Globo)

Presidente diz que integração lavoura pecuária floresta está em "grande agenda" da empresa
POR RAPHAEL SALOMÃO, DE SÃO PAULO (SP)

A chamada intensificação sustentável será a "grande agenda" da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para o futuro. Foi o que afirmou nesta sexta-feira (10/10) o presidente da Embrapa, Maurício Lopes. Ele participou do Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial 2015, promovido pela Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

O conceito envolve, por exemplo, iniciativas como a integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), cujas pesquisas a empresa deve intensificar no ano que vem. Maurício Lopes explicou que o Código Florestal impõe ao setor uma necessidade de expansão muito mais ligada à eficiência do que à abertura de áreas. "Isso nos força a promover um uso mais intenso das áreas que já estão abertas. Trazer para um sistema de produção eficiente áreas que estão em uso inadequado. Essa é a grande revolução", disse Lopes, destacando que há uma "imensa" área de pastagens degradadas no Brasil.

Outro tema no foco da empresa, de acordo com o presidente, é a atenção ao trânsito de pragas e doenças na produção brasileira. Segundo Maurício Lopes, ainda há carência de pesquisas para dar mais apoio ao sistema de Defesa Agripecuária do Brasil. "Nós tivemos o caso da helicoverpa, que foi um grande susto para todos. Estamos intensificando nosso trabalho em manejo integrado de pragas e doenças, controle biológico e tecnologias de apoio", afirmou, comentando que estão sendo feitos também estudos preventivos, na tentativa de antecipar os riscos de entrada de pragas e doenças no território nacional.

Desenvolvimento da aquicultura e parcerias com o setor privado em melhoramento genético de culturas como soja, milho e algodão foram áreas também mencionadas pelo presidente como pioridades da Embrapa. Outra é a adaptação da produção agrícola às possibilidades de mudança climática. De acordo com Lopes, há cerca de 400 pesquisadores dedicados ao assunto. "Estamos trabalhando na geração de métricas para a agropecuária mostrar que está no caminho da sustentabilidade para não ser penalisada pelos mercados internacionais", disse Maurício Lopes.

Orçamento 

Lopes espera apenas que o orçamento da Embrapa proporcional ao seu otimismo em relação ao futuro das pesquisas. Questionado sobre o assunto, disse que ainda está em discussão, mas que não acredita em menos que o montante a ser executado neste ano, calculado em R$ 2,2 bilhões. Do total dos recursos, 70% são para despesas de pessoal e 30% para cobrir custos operacionais.

"Nós esperamos ter um orçamento pelo menos semelhante ao deste ano, mas estamos sempre no esforço de dialogar com o governo e com o Congresso", afirmou. Segundo Maurício Lopes, países que são grandes competidores no mercado de inovação tecnológica para a agropecuária aplicam em torno de 3% do PIB do setor em pesquisa e inovação. No Brasil, a proporção não passa de 1,4%.

"Temos que colocar como prioridades para o futuro o objetivo de aumentar a participação pesquisa e inovação para a agricultura no PIB setorial. O setor é um pilar da economia brasileira", afirmou, reforçando a defesa da maior participação do setor privado nos investimentos. "Em outros países, é meio a meio. No Brasil, é 75% a 80% com recursos públicos", acrescentou.

Fonte:
http://revistagloborural.globo.com/

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