sexta-feira, 20 de março de 2015

Terrários e minijardins levam verde para a rotina das grandes metrópoles

Técnica de jardinagem vira trabalho de jovens que nunca trabalharam com plantas
POR TERESA RAQUEL BASTOS



Terrário fechado com musgo precisa de rega apenas uma vez por mês (Foto: Divulgação/Os minimundos)


Ter uma planta por perto não exige mais jardins imensos, regas constantes e às vezes nem mesmo a luz solar. Os minijardins e terrários têm ganhado espaço na rotina das grandes metrópoles como São Paulo pela praticidade e beleza versátil para decorar qualquer ambiente. Em geral são feitos com espécies de cactos e suculentas, plantas resistentes e que requerem pouca manutenção.

Esse popularização dos minivasos ganhou força no Brasil em 2014 e pode ter sido influenciado por sites como o Pinterest, que reúnem diversos tutoriais de como fazer os minijardins. Da web para a vida real, a técnica virou trabalho de jovens com idades em torno dos 30 anos, que nunca tinham trabalhado com plantas ou estudado algo relacionado às ciências da terra.

Lina e Juliana, do Jardim no Pote (Foto: Divulgação/Jardim no Pote)


“Matamos muitas plantinhas até acertar, depois de muitas tentativas”, contam a arquiteta Lina Cirilo e a terapeuta naturopata Juliana Seibel, criadoras do Jardim no Pote. Aprenderam a mexer com plantas com uma tia que cultivava cactos e suculentas. “Primeiro fizemos para os amigos, até o dia que resolvemos nos dedicar mais e finalmente abrir a empresa”, conta Lina. Hoje dedicam 100% do tempo às plantas.

Babi Vieira, da lojinha Os Minimundos, também trabalha apenas com os terrários atualmente. “Não é fácil, mas é possível”, esclarece. Antes disso, estudou ecologia na UNESP, e largou o curso após um ano. Conheceu a técnica de jardinagem na internet e experimentou sozinha os tutoriais.

Roger largou o trabalho em uma multinacional para se dedicar aos terrários (Foto: Divulgação)


Quem pensa que a atividade é feminina, engana-se. Roger Evangelista largou o emprego que exigia terno e gravata para estudar design de interiores e produzir os terrários na JardimSP, tanto para seus projetos de decoração como para vender direto aos consumidores. “Trabalhei em uma multinacional por 18 anos, até que um dia resolvi largar tudo e começar fazer algo que realmente me desse prazer”.

Um fator em comum entre os empresários é o amor pelo verde. Como moradores de São Paulo, estão cercados de concreto e acharam nos pequenos vasos uma forma de relaxar. Para Lina e Juliana, o trabalho virou terapia diária. “É quase instantâneo se desligar dessa loucura que vivemos em São Paulo”, diz a dupla. Por serem pequenos e fáceis de cuidar, podem preencher o dia a dia dos clientes com verde sem aborrecimentos e contratempos. “Como precisam de pouco espaço e pouco tempo de dedicação, o tempo que sobra é para contemplá-los”, derrete-se Roger.

Suculentas precisam ser regadas apenas a cada 15 dias (Foto: Divulgação/Jardim no Pote)


Por essas características, o público alvo é formado por pessoas com pouco tempo para cuidar de um jardim maior, mas que querem estar perto da natureza. Ou seja, bem diverso. Lina se surpreendeu com a quantidade de clientes homens. “Sempre imaginamos que plantas e flores fizessem mais parte do universo feminino que do masculino, mas temos muitos clientes homens também. Eles ficam encantados!”. A idade também varia. “Os clientes são desde crianças até idosos”, relata Babi.

Para chegar a essas pessoas, os pontos de venda também mudaram: de floriculturas comuns para feirinhas de artesanato descoladas, em meio a discos de rock e camisetas de bandas. As três lojas vendem as peças na Praça Benedito Calixto em São Paulo, nos fins de semana. O espaço reúne aos sábados uma feirinha de antiguidades e artesanato, além de galerias colaborativas de co-work. 

Até lampadas usadas servem de vasos para os terrários (Foto: Divulgação/JardimSP)


Roger coloca os minijardins no status de arte, o que faz do local uma boa vitrine para as plantinhas. “A feira é frequentada por um público que gosta de peças inovadoras. Gente de outros Estados vai até lá para procurar por esses produtos”, destaca o designer.

Benefícios

Ter plantas por perto pode ser mais benéfico do que se imagina. Em uma pesquisa na Universidade de Surrey, no Reino Unido, provou que cultivá-las no ambiente de trabalho reduzem o estresse, agindo diretamente na frequência cardíaca e pressão arterial.

Também são ótimas para decorar, inclusive locais fechados. Os terrários fechados não podem ser expostos diretamente à luz solar e são ideais para espaços com luz artificial. A Jardim no Pote faz também colares com terrários como pingente para quem não quer desgrudar das plantinhas e incremendar o visual.

Tênis velho é utilizado como vaso ao invés de ir para o lixo (Foto: Divulgação/Os minimundos)


Quem faz os potinhos também se beneficia. “Estar em contato com o verde me equilibra e faz com que o dia a dia não seja tão duro nessa cidade de concreto”, diz Babi. É também uma boa forma de ganhar dinheiro ou de presentear alguém.

A atividade é sustentável: utiliza menos água. Outro ponto positivo é a reutilização de potes que iriam para o lixo. Alguns terrários são feitos dentro de lâmpadas usadas, tênis ou um vaso de família que tenha perdido a tampa, por exemplo. É uma forma de manter aquela peça de uma forma reinventada.

Babi Vieira, da lojinha Os Minimundos, ensina em seu ateliê como fazer um terrário (Foto: Divulgação/Os Minimundos)



Fonte: http://revistagloborural.globo.com/



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