terça-feira, 31 de março de 2015

Glifosato na mira (TEMOS QUE FAZER ALGUMA COISA!)


Herbicida mais vendido no Brasil e no mundo é classificado como provavelmente cancerígeno para humanos pela Organização Mundial da Saúde. O tema é destaque da coluna de Jean Remy Guimarães, que critica a falta de divulgação da notícia na imprensa nacional.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece recomendações e sugere normas para a exposição a milhares de substâncias diferentes. Esse é um processo contínuo, uma vez que novos compostos continuam chegando ao mercado, assim como são publicados novos dados ecotoxicológicos sobre compostos já em uso. O processo é longo, caro e complexo e, entre outros resultados, fornece classificações de risco.

Conforme a quantidade e contundência das evidências científicas, temperadas pela insistência técnica de eventuais lobbies corporativos interessados em influir no resultado, um composto ou produto pode ser classificado como cancerígeno para humanos ou provavelmente cancerígeno para humanos. Há também a categoria possivelmente, e a não sei. É comum que um composto passe da segunda (provável) para a primeira categoria, mas não se tem conhecimento de exemplo na direção contrária.

O tempo entre o surgimento das evidências de um risco e a emissão de uma norma para domá-lo costuma ser dolorosamente longo, especialmente para os que têm o privilégio duvidoso de terem sido suas primeiras vítimas documentadas.

As sugestões da OMS têm autoridade moral, mas não legal, e podem ser adotadas pelos seus países-membros, ou não.

Para facilitar a navegação pelo mar revolto de estudos in vitro, in vivo, com bactérias, animais e plantas, somados aos poucos estudos epidemiológicos em humanos, a OMS adotou há cerca de 40 anos a saudável prática de convocar regularmente grupos de especialistas para avaliar e reavaliar a toxicidade e o potencial carcinogênico de determinados compostos. O critério para a escolha dos especialistas é rigoroso: devem aliar alta credibilidade científica com total ausência de conflito de interesse na matéria.

Os especialistas não chegam para as reuniões de jaleco e pipetador na mão, pois não vão fazer nenhum novo estudo. A missão é compilar, avaliar e discutir os estudos existentes na literatura até aquele momento e confirmar ou alterar as classificações de risco existentes. Observadores da indústria e/ou de outras agências de classificação de risco sanitário ou ambiental podem assistir aos debates. Só assistir.

Glifosato, OGMs e câncer

Um dos mais importantes grupos avaliadores da OMS é a Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês). E, em 20 de março de 2015, a IARC publicou on-line na prestigiosa The Lancet Oncology os resultados de uma avaliação que seria rotineira se não se referisse, entre outros pesticidas, ao carro-chefe da linha de produtos da Monsanto (companhia multinacional de agricultura e biotecnologia): o glifosato, princípio ativo do herbicida Roundup e de muitas outras formulações de mesma finalidade.

Campeão mundial de vendas, o glifosato está presente em cerca de 750 produtos diferentes usados como herbicidas na agricultura, silvicultura, jardinagem doméstica e urbana.

O pulo do gato da estratégia comercial da Monsanto é o desenvolvimento de cultivares geneticamente modificados para resistir ao Roundup, enquanto as demais plantas definham sob o mesmo. São os chamados OGMs Roundup-ready. Previsivelmente, o consumo de Roundup aumenta com a ampliação da superfície plantada com transgênicos. Também aumenta com a crescente resistência das ervas daninhas ao herbicida, mas isso é outra história.

No momento, a questão é que a IARC decidiu classificar o glifosato como provavelmente cancerígeno (categoria 2A). Fez o mesmo com outros pesticidas como diazinon e malathion, mas isso foi marola em comparação com o tsunami da inclusão do glifosato.

Os estudos que convenceram os 17 membros da IARC a tomar a decisão tão corajosa não envolviam a população em geral, mas sim casos-controle de exposição ocupacional de agricultores e jardineiros na Suécia, Estados Unidos e Canadá. Os estudos mostram aumento da taxa de câncer — particularmente linfoma não-Hodges — em indivíduos expostos. Em animais, os estudos evidenciaram danos cromossômicos, maior risco de câncer de pele, de rim e de adenomas no pâncreas. Nada mau para um composto apresentado em folhetos coloridos como tão inócuo quanto o sal de cozinha.

No entanto, os dados dos estudos selecionados pela IARC (usando os mesmos critérios que a OMS utiliza para selecionar os próprios membros da IARC) não foram considerados suficientes para estabelecer de forma inequívoca o caráter carcinogênico do glifosato para humanos.

Ainda bem, pois um estudo de 2014 do Serviço Geológico Americano (USGS) publicado na Environmental Toxicology and Chemistry mostrou que, em muitas regiões dos Estados Unidos, o glifosato é detectável em cerca de 75% das amostras de ar e água de chuva analisadas. Ué, esquisito, pois a Wikipedia diz que ele é fortemente fixado nos solos e não deve migrar para os corpos dagua. Que danadinho desobediente!

Reação instantânea

Como de costume, a Monsanto reagiu rápido à decisão da IARC e, em comunicado de 23/03, desanca a agência, que, segundo a empresa, teria se baseado em “ciência-lixo”. No mesmo dia em que foi divulgado o estudo da The Lancet Oncology, a empresa intimou Margaret Chan, diretora da OMS, em carta que vazou para a imprensa, a retificar a opinião da IARC, aparentemente sem sucesso, até aqui.

Enquanto isso, o glifosato está sob reavaliação pela Comunidade Europeia (CE). Inquirida sobre sua opinião a respeito das conclusões da IARC, a Agência Europeia de Segurança Alimentar (Aesa) esclareceu que a Alemanha é o país-relator dessa matéria e que seu homólogo alemão, o Bundesinstitut für Risikobewertung (BfR), algo como Instituto de Avaliação de Riscos, é o encarregado de fazer a avaliação do glifosato em nome da Europa.

Seu veredicto, a ser ainda submetido à Aesa nas próximas semanas, talvez não apoie as conclusões da IARC, pela singela razão de que um terço dos membros do grupo de experts em pesticidas do BfR alemão é composto por assalariados diretos dos gigantes da indústria agroquímica e de biotecnologia.

E nos Estados Unidos? Bem, foi em seu país-sede que a Monsanto treinou seu eficiente método de infiltração e cooptação de agências reguladoras, a começar pela Agência de Proteção Ambiental (EPA). O mesmo foi simplesmente replicado depois em escala global. A EPA mantém sua posição de que as evidências de potencial carcinogênico do glifosato em humanos são inadequadas (sic), mas tem planos de considerar (sic) os achados da IARC e talvez tomar alguma atitude no futuro. Enquanto isso, condescende em admitir que o herbicida preferido por nove entre 10 estrelas do agronegócio pode causar sérios danos renais, inibir a reprodução normal (cruzes!), promover congestão pulmonar e aumentar a taxa respiratória, tudo isso em humanos.

Mas, falando em globos e planetas, você viu alguma notinha sobre o palpitante tema na grande imprensa brasileira? Eu também não, e olha que procurei: está só na blogosfera, e em sites de notícias internacionais, como o do Le Monde, entre outros. Intrigado, visitei o site americano da Monsanto e achei o comunicado furibundo já comentado aqui, em inglês, claro. No site brasileiro da empresa, nadica de nada, nem em javanês. E olha que eu descasquei os 104 resultados da busca pelo termo glifosato no site. Já boladão, em desespero de causa, fui aos sites da Associação Nacional de Biossegurança (ANBio) e da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio): mesmo estrondoso silêncio.

Alô, câmbio? Não somos o maior consumidor de pesticidas do planeta desde 2008? O glifosato, em suas muitas formulações, não é o item principal dessa cesta química? Oops, esqueci de checar os sites da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Ministério da Agricultura (MAPA). Mas não o farei. O texto já está longo. Deixo esse cuidado aos meus leitores.

Afinal, vocês também têm que fazer alguma coisa, não é?


AUTORIA

Jean Remy Davée Guimarães

segunda-feira, 30 de março de 2015

NOVO MARCO LEGAL DA BIODIVERSIDADE DEVE SER VOTADO EM PLENÁRIO AMANHÃ



Amanhã (31/03/15), os senadores devem concluir a votação do chamado novo marco legal da biodiversidade – PLC 2/2015. Entretanto, como os senadores devem promover mudanças no texto, a matéria, que tramita com urgência constitucional, poderá voltar para análise da Câmara dos Deputados. Mas se for aprovado sem modificação ou apenas com emendas de redação, seguirá para sanção presidencial. Devido à urgência, a proposta precisa ser votada até o dia 10 de abril, para não trancar a pauta de votações.

A nova lei vai facilitar a pesquisa com o patrimônio genético, estimular a fabricação de produtos oriundos do conhecimento gerado por essa pesquisa e ampliar a compensação às comunidades tradicionais, que detêm o conhecimento sobre a utilização de plantas e animais nativos.

Os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Telmário Mota (PDT-RR) demonstraram otimismo na aprovação do projeto na próxima semana, mesmo ainda havendo pontos específicos sobre os quais ainda não há consenso.

“A ideia é votar na terça-feira [amanhã], já falei com o presidente Renan e o propósito é votar na terça-feira. Devem ter uns quatro pontos que serão destacados, mas acredito que o texto-base, que a gente trabalhou na Comissão de Meio Ambiente, que é fruto de entendimento, possa ser aprovado e os pontos divergentes serão destacados e vamos votar separadamente” disse Jorge Viana, que relatou a matéria na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA).

Telmário acrescentou que “há muitos interesses envolvidos” no sentido de manter o mesmo texto aprovado pela Câmara, porém ele aponta algumas imperfeições desse texto em sua opinião.

“Ele não dá garantia da manutenção do nosso patrimônio da biodiversidade, não faz justiça com quem é detentor de conhecimento, não reconhece os indígenas como povo, mas apenas como população. É preciso fazer alguns reparos, que já foram propostos nas diversas comissões. Mas acho que dá para votar, algumas questões serão destacadas e votadas no Plenário. Acho que vai ter esforço conjunto para votar em Plenário na próxima semana” Telmário, que relatou a proposta na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT).

“Tramitação peculiar”

O PLC 2/2015 vem tendo uma “tramitação peculiar” desde que chegou ao Senado Federal no final de fevereiro, segundo palavras do secretário-geral da Mesa do Senado, Luiz Fernando Bandeira de Mello.

“O projeto da biodiversidade teve uma peculiaridade. Ele tramita sob urgência constitucional, requerida pela presidência da República. O projeto foi distribuído simultaneamente para três comissões [CCJ, CAE e CMA], depois foram aprovados requerimentos para ele passar por outras duas comissões [CCT e CMA]. Ao invés do relator em uma comissão ter como base o texto aprovado na comissão anterior, os relatórios foram simultâneos, o que não ocorre comumente” disse Bandeira.

O projeto já recebeu pareceres da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), CCT, CMA e da Comissão Assuntos Econômicos (CAE). Quando for a Plenário amanhã (31/03/15), a proposta ainda terá de receber parecer também da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), cujo relator, que será indicado pelo presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, dará o parecer da comissão na sessão plenária.

“Em seguida iremos agrupar as emendas conforme os pareceres das comissões. Serão filtrados os dispositivos e emendas que tiveram pareceres favoráveis em todas as comissões, as que tiveram pareceres contrários em todas as comissões e, em seguida, iremos deliberar um a um aquilo que for divergente, seguindo, em geral, a comissão mais afeta ao caso” explica o secretário-geral.

Polêmicas

Representantes do governo, do setor empresarial, da pesquisa, de movimentos ambientalistas e de defesa de povos tradicionais participaram de duas audiências públicas conjuntas das comissões examinadoras do projeto.

Para pesquisadores da Embrapa e representantes da indústria farmacêutica e ligada ao agronegócio, a nova lei é condição essencial para alavancar a pesquisa e a exploração econômica dos recursos genéticos. Mas os povos indígenas, quilombolas, extrativistas e agricultores familiares, detentores do conhecimento tradicional sobre animais e plantas nativas, afirmam que o texto em exame reduz seus direitos e coloca em risco a proteção dos recursos naturais.

O fato é que a lei em vigor – MP 2186/2001 – é criticada por todos, por ser extremamente burocrática no processo para autorização da pesquisa sobre a biodiversidade no país, reduzindo as oportunidades de repartição de benefícios com comunidades tradicionais. Para simplificar o acesso, o novo marco legal acaba com a necessidade de autorização para a bioprospecção, instituindo um cadastro autodeclaratório. Também estabelece regras para agilizar a repartição de benefícios com os provedores de conhecimento tradicional, mas indígenas e povos tradicionais se dizem prejudicados e reivindicam emendas ao texto.

terça-feira, 24 de março de 2015

AÇÃO DA MONSANTO CAI APÓS AGÊNCIA DA OMS ALERTAR SOBRE GLIFOSATO



As ações da Monsanto caíram ontem (23/03/15), após uma agência da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmar que o glifosato, herbicida comercializado sob o nome Roundup pela empresa, tem o potencial de causar câncer em humanos. Neste fim de tarde, as ações da companhia recuavam 1,7% na Bolsa de Nova York (Nyse). A Monsanto rapidamente criticou a classificação, publicada no dia 20 de março por pesquisadores da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer.

Segundo a empresa, décadas de estudo comprovam que o uso do glifosato na agricultura é seguro. Para ambientalistas, no entanto, a afirmação é mais um motivo para órgãos reguladores avaliarem novamente o produto.

A classificação da agência reacendeu o debate sobre a segurança do glifosato. Consumidores e ambientalistas vêm alertando há muito tempo sobre os problemas de saúde que, segundo eles, podem ser causados pelo uso do herbicida. Produtores, por sua vez, seguem elogiando a segurança do produto e seu impacto ambiental em comparação a outros químicos.

De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, o glifosato é o herbicida mais usado atualmente no país. Produtores ampliaram seu uso nas duas últimas décadas com o aumento das lavouras de variedades geneticamente modificadas de milho e soja, que são capazes de resistir ao químico.

FONTE: Revista Globo Rural

Papa reduz agenda para se dedicar à encíclica sobre ecologia

Para o Pontífice, a questão ecológica é vital para a sobrevivência dos seres humanos e tem uma dimensão moral que atinge a todos

Cidade do Vaticano - O papa Francisco decidiu reduzir em uma semana sua agenda de trabalho para se dedicar à revisão da última versão da encíclica sobre ecologia, que será publicada em junho ou julho, informou o Vaticano nesta segunda-feira.

"O papa se dedicará às correções, revisará traduções e avaliará revisões a serem propostas por quem fizer a releitura", anunciou a assessoria de imprensa da Santa Sé.

O papa manterá o discurso da última quarta-feira e celebrará, como de costume, a missa matinal na Casa Santa Marta, onde reside no Vaticano.

Em janeiro, o pontífice já tinha anunciado a jornalistas que o acompanhavam no voo de volta do Sri Lanka e Filipinas que dedicaria os próximos dias a esse importante documento.

"Se tudo der certo, a encíclica poderá ser publicada em junho ou julho. O importante é que haja tempo entre a publicação e a cúpula de Paris, em dezembro, para que possam ocorrer contribuições", explicou o papa, aos 78 anos.

Os ritos da Semana Santa demandam muitos esforços e tempo ao pontífice, já que ele deve oficiar pelo menos sete celebrações, em nome do que ficará isolado nesta semana para trabalhar em cima do texto.

A encíclica deve servir de ponto de partida para as negociações na Conferência das Partes (COP-21), em Paris, organizada pela ONU, que tratará das mudanças climáticas, e será celebrada entre 30 de novembro e 11 de dezembro.

"É preciso cuidar da Terra para evitar sua autodestruição", disse o papa à comunidade internacional, em novembro de 2014, durante a II Conferência sobre Nutrição da FAO, realizada em Roma.

Por ocasião das reuniões preparatórias no Peru, o papa lamentou "a falta de coragem" para que fossem encontradas soluções conjuntas a fim de salvar o planeta.

O papa Francisco enviou uma cópia da encíclica à Congregação para a Doutrina da Fé, assim como à Secretaría de Estado e aos teólogos da Casa Pontifícia, "para que verifiquem se não digo besteiras", assegurou, com seu habitual tom autoirônico.

Segundo o cardeal Peter Turkson, que contribuiu para a elaboração da encíclica, o papa aborda a "ecologia sistêmica", que leva em conta o desensevolvimento humano.

Em um tuíte sobre o tema, o papa garantiu que "a questão ecológica é vital para a sobrevivência dos seres humanos e tem uma dimensão moral que atinge a todos", resumindo os pontos essenciais no documento.

Esta é a primeira encíclica a ser escrita somente por ele, já que a primeira ("Lumen Fidei", ou "Luz da Fé"), tinha sido preparada por Bento XVI, antes de renunciar em 2013.

Fonte: http://exame.abril.com.br/

sexta-feira, 20 de março de 2015

Terrários e minijardins levam verde para a rotina das grandes metrópoles

Técnica de jardinagem vira trabalho de jovens que nunca trabalharam com plantas
POR TERESA RAQUEL BASTOS



Terrário fechado com musgo precisa de rega apenas uma vez por mês (Foto: Divulgação/Os minimundos)


Ter uma planta por perto não exige mais jardins imensos, regas constantes e às vezes nem mesmo a luz solar. Os minijardins e terrários têm ganhado espaço na rotina das grandes metrópoles como São Paulo pela praticidade e beleza versátil para decorar qualquer ambiente. Em geral são feitos com espécies de cactos e suculentas, plantas resistentes e que requerem pouca manutenção.

Esse popularização dos minivasos ganhou força no Brasil em 2014 e pode ter sido influenciado por sites como o Pinterest, que reúnem diversos tutoriais de como fazer os minijardins. Da web para a vida real, a técnica virou trabalho de jovens com idades em torno dos 30 anos, que nunca tinham trabalhado com plantas ou estudado algo relacionado às ciências da terra.

Lina e Juliana, do Jardim no Pote (Foto: Divulgação/Jardim no Pote)


“Matamos muitas plantinhas até acertar, depois de muitas tentativas”, contam a arquiteta Lina Cirilo e a terapeuta naturopata Juliana Seibel, criadoras do Jardim no Pote. Aprenderam a mexer com plantas com uma tia que cultivava cactos e suculentas. “Primeiro fizemos para os amigos, até o dia que resolvemos nos dedicar mais e finalmente abrir a empresa”, conta Lina. Hoje dedicam 100% do tempo às plantas.

Babi Vieira, da lojinha Os Minimundos, também trabalha apenas com os terrários atualmente. “Não é fácil, mas é possível”, esclarece. Antes disso, estudou ecologia na UNESP, e largou o curso após um ano. Conheceu a técnica de jardinagem na internet e experimentou sozinha os tutoriais.

Roger largou o trabalho em uma multinacional para se dedicar aos terrários (Foto: Divulgação)


Quem pensa que a atividade é feminina, engana-se. Roger Evangelista largou o emprego que exigia terno e gravata para estudar design de interiores e produzir os terrários na JardimSP, tanto para seus projetos de decoração como para vender direto aos consumidores. “Trabalhei em uma multinacional por 18 anos, até que um dia resolvi largar tudo e começar fazer algo que realmente me desse prazer”.

Um fator em comum entre os empresários é o amor pelo verde. Como moradores de São Paulo, estão cercados de concreto e acharam nos pequenos vasos uma forma de relaxar. Para Lina e Juliana, o trabalho virou terapia diária. “É quase instantâneo se desligar dessa loucura que vivemos em São Paulo”, diz a dupla. Por serem pequenos e fáceis de cuidar, podem preencher o dia a dia dos clientes com verde sem aborrecimentos e contratempos. “Como precisam de pouco espaço e pouco tempo de dedicação, o tempo que sobra é para contemplá-los”, derrete-se Roger.

Suculentas precisam ser regadas apenas a cada 15 dias (Foto: Divulgação/Jardim no Pote)


Por essas características, o público alvo é formado por pessoas com pouco tempo para cuidar de um jardim maior, mas que querem estar perto da natureza. Ou seja, bem diverso. Lina se surpreendeu com a quantidade de clientes homens. “Sempre imaginamos que plantas e flores fizessem mais parte do universo feminino que do masculino, mas temos muitos clientes homens também. Eles ficam encantados!”. A idade também varia. “Os clientes são desde crianças até idosos”, relata Babi.

Para chegar a essas pessoas, os pontos de venda também mudaram: de floriculturas comuns para feirinhas de artesanato descoladas, em meio a discos de rock e camisetas de bandas. As três lojas vendem as peças na Praça Benedito Calixto em São Paulo, nos fins de semana. O espaço reúne aos sábados uma feirinha de antiguidades e artesanato, além de galerias colaborativas de co-work. 

Até lampadas usadas servem de vasos para os terrários (Foto: Divulgação/JardimSP)


Roger coloca os minijardins no status de arte, o que faz do local uma boa vitrine para as plantinhas. “A feira é frequentada por um público que gosta de peças inovadoras. Gente de outros Estados vai até lá para procurar por esses produtos”, destaca o designer.

Benefícios

Ter plantas por perto pode ser mais benéfico do que se imagina. Em uma pesquisa na Universidade de Surrey, no Reino Unido, provou que cultivá-las no ambiente de trabalho reduzem o estresse, agindo diretamente na frequência cardíaca e pressão arterial.

Também são ótimas para decorar, inclusive locais fechados. Os terrários fechados não podem ser expostos diretamente à luz solar e são ideais para espaços com luz artificial. A Jardim no Pote faz também colares com terrários como pingente para quem não quer desgrudar das plantinhas e incremendar o visual.

Tênis velho é utilizado como vaso ao invés de ir para o lixo (Foto: Divulgação/Os minimundos)


Quem faz os potinhos também se beneficia. “Estar em contato com o verde me equilibra e faz com que o dia a dia não seja tão duro nessa cidade de concreto”, diz Babi. É também uma boa forma de ganhar dinheiro ou de presentear alguém.

A atividade é sustentável: utiliza menos água. Outro ponto positivo é a reutilização de potes que iriam para o lixo. Alguns terrários são feitos dentro de lâmpadas usadas, tênis ou um vaso de família que tenha perdido a tampa, por exemplo. É uma forma de manter aquela peça de uma forma reinventada.

Babi Vieira, da lojinha Os Minimundos, ensina em seu ateliê como fazer um terrário (Foto: Divulgação/Os Minimundos)



Fonte: http://revistagloborural.globo.com/