terça-feira, 21 de outubro de 2014

O Velho Chico pede socorro





O diretor do Parque Nacional da Serra da Canastra, Luiz Arthur Castanheira, disse em entrevista ao G1 na tarde desta terça-feira (23) que a nascente do Rio São Francisco, situada em São Roque de Minas, secou. Segundo Castanheira, essa nascente é a principal de toda a extensão do rio, que tem 2.700 km. O São Francisco é o maior rio totalmente brasileiro, e sua bacia hidrográfica abrange 504 municípios de sete unidades da federação – Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal. Ele nasce na Serra da Canastra, em Minas, e desemboca no Oceano Atlântico na divisa entre Alagoas e Sergipe.

Segundo Castanheira, o motivo é a estiagem. "Essa nascente é a original, a primeira do rio e é daqui que corre para toda a extensão. Ela é um símbolo do rio. Imagina isso secar? A situação chegou a esse ponto não foi da noite para o dia. Foi de forma gradativa, mas desse nível nunca vi em toda a história”.






Artista iraniano faz arte com folhas caídas



O lixo orgânico também pode virar arte. O artista plástico iraniano Omid Asadi, por exemplo, decidiu fazer das folhas de plantas sua matéria prima para recortes minuciosos, de tirar o fôlego. Segundo ele, a ideia surgiu a partir de uma nova maneira de ‘enxergar’ o mundo.





O artista afirma que passou a olhar para as folhas caídas no chão, geralmente ignoradas e pisadas pelas pessoas, e a analisar suas cores e texturas. “Eu decidi dar uma nova vida às folhas, fazer arte com elas”, conta o iraniano, que atualmente vive na Inglaterra e já expôs seu trabalho em várias galerias de arte da Europa. A técnica que ele desenvolveu tem como instrumentos estilete profissional e agulha. “Eu sempre tento criar peças com uma mensagem, e não apenas com uma imagem bonita”, afirmou, de acordo com o portal ‘Ciclo Vivo’.
Segundo ele, a aprovação de seu trabalho “mostra como podemos criar beleza, amor, e tornar este mundo melhor para todos da espécie humana e de outras criaturas, ao invés de sofrer com guerras, conflitos, doenças, fome e ódio”.

Setor gourmet impulsiona mercado orgânico no País

Eventos e ações que despertam a conscientização para alimentação saudável surgem como aliados para restaurantes evoluírem em menus especiais

Davi Brandão

Feira de produtos orgânicos reúne consumidores em São Paulo - Foto: Divulgação

SÃO PAULO - A preocupação com as questões ambientais desperta para importantes iniciativas empresariais. No setor da alimentação isso não seria diferente e estabelecimentos gastronômicos adotam práticas sustentáveis que, além de mudanças na gestão e logística de empreendimentos, afetam o cardápio das casas.

No Brasil, a discussão sobre a gastronomia saudável é recente. Segundo a coordenadora comercial do Festival da Gastronomia Orgânica e Feira de Produtos Orgânicos de São Paulo, Patrícia Bim, o País ganha um destaque neste mercado pela produção do FLV (frutas, legumes e vegetais), que possui um demanda crescente. "Tamanho é o crescimento deste segmento que, neste ano, a expectativa é que o setor movimente R$ 2 bilhões no Brasil".

Em sua quinta edição, realizada no último fim de semana, o festival contou com a participação de 12 barracas, quando os chefs apresentaram elaborações saudáveis para o público. "Nosso intuito é fomentar o conceito tão debatido em outros países", explica a coordenadora, que estima a comercialização de mais de seis mil refeições ao longo dos três dias de evento. "O festival surgiu da necessidade dos consumidores. Temos que ter um equilíbrio e um consumo consciente. O festival propõe isso e adota este conceito da alimentação saudável", frisa.

"O governo precisa incentivar e investir na agricultura orgânica, atualmente formada por agricultores familiares", avalia a executiva.

Experiência à mesa

"O conceito de sustentabilidade é trabalhado em nosso estabelecimento. Dentre as práticas adotadas contamos com o reaproveitamento 100% dos alimentos, além de um trabalho com recicláveis, do qual obtemos receita que é totalmente repassada aos colaboradores", pontua o restauranter do restaurante Félix Bistrot, Vinicius Rioli.

Construído em uma área de 600 metros quadrados na região de Cotia, Grande São Paulo, o empresário explica que no restaurante a reutilização da água da chuva é uma das práticas importantes. Em relação ao cardápio sustentável, ele avalia que a questão necessita de melhor organização, tanto por parte dos fornecedores quanto dos consumidores: "A cultura ainda é pouco divulgada no que tange à gastronomia. O 'orgânico' preciso ser trabalhado, pontua. "As pessoas adotam a ideia do politicamente correto, mas em alguns momentos não utilizam o modo correto. A sociedade tem que refletir sobre essa importante discussão", complementa Rioli.

No último mês de setembro, a casa, há 16 anos no mercado, adotou um menu sustentável, com aceitação estimada em 10% do público frequentadordo local. "Nossa proposta é trabalhar com hortaliças plantadas em nossa área, sendo levadas frescas para a mesa do cliente", finaliza.

Reeducação

Elaborado em 2012, o programa Avante, idealizado pela Ticket, visa educar e estimular os parceiros da empresa a práticas saudáveis de alimentação. "Trabalhamos com convênios de Recursos Humanos de nossos parceiros e apresentamos aos colaboradores conceitos e modo de realizar uma alimentação saudável", explica o gerente de Estratégia e Marketing de Produtos do Programa de Alimentação ao Trabalhador (PAT) da Ticket , Júlio Zancopé.

"Hoje, a oferta de alimentação não saudável é superior. As empresas sabem que os colaboradores que se alimentam mal tem menor produtividade. Contamos com a divulgação de técnicas em nosso site e também em nossa fanpage no Facebook", esclarece Zancopé, que prevê atender 100% da carteira de clientes da Ticket nos próximos quatro anos.

Fonte: http://www.dci.com.br/

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Abelhas ajudam a detectar contaminação do ar por metais pesados

Durante pesquisa da Ufop foram encontrados metais como arsênico, chumbo, níquel, cromo, ferro, cádmio, cobre, manganês e alumínio. Em alguns casos, a concentração verificada estava 20 vezes maior que a habitual.

Eduardo Tristão Girão - Estado de Minas



Uma pesquisadora da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) está usando as abelhas para detectar, por meio do pólen e do mel, o nível de contaminação do ar por metais pesados em áreas próximas às que atuam mineradoras. Pode parecer incomum, mas iniciativas semelhantes já foram desenvolvidas no Brasil e na Europa. A novidade fica por conta da espécie de inseto escolhida: a abelha Jataí (Tetragonisca angustula), uma espécie nativa do país, diferente da principal produtora de mel daqui, que é o cruzamento de variedades africana (Apis mellifera scutellata) e europeia (Apis mellifera mellifera).

“A Apis mellifera é muito generalista e, por ter porte maior, não consegue visitar certas espécias de plantas que dão flores pequenas. As abelhas brasileiras, ao contrário, evoluíram com as plantas daqui e visitam espécimes que as outras não conseguem. Além disso, elas não têm ferrão, facilitando o trabalho do homem. Escolhemos a jataí porque ela ocorre no Brasil todo, se adapta a diferentes ambientes e é bem resistente, tanto que alguns autores a chamam de rústica”, explica a autora da pesquisa, Nathália de Oliveira Nascimento, biológa e mestre em ecologia de biomas tropicais pela Ufop.

O trabalho, intitulado “Seriam as abelhas sem ferrão boas amostradoras ambientais de contaminação atmosférica?”, foi desenvolvido em conjunto com os departamentos de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente e de Geologia, envolvendo os professores Yasmine Antonini e Hermínio Arias Nalini Júnior e a doutoranda Fernanda Ataíde de Oliveira. Nathália pesquisa a relação entre as abelhas e a poluição desde a graduação, e teve a ideia de usar a espécie nacional ao perceber que as demais iniciativas privilegiavam a Apis mellifera.

Ninhos da abelha

Jataí foram instalados numa distância máxima de um quilômetro de cavas de mineradoras de pequeno porte em Ouro Preto, Mariana, Itabirito e Nova Lima. “Esse é o raio de ação desses animais. Ao longo de um ano, coletamos mel e pólen uma vez a cada estação e fizemos análise geoquímica de ambos para ver a concentração de metais pesados e descobrir quanto cada mineradora estava contribuindo com a dispersão de metais pesados no ar. Eles grudam no pelo das abelhas, no pólen, nas flores, nas plantas, sendo que o néctar já vem contaminado”, explica ela.

Também foi instalado um ninho numa região considerada área de controle, ou seja, afastada das áreas de mineração, para fins comparativos. Durante a pesquisa, foram encontrados metais como arsênico, chumbo, níquel, cromo, ferro, cádmio, cobre, manganês e alumínio, entre 15 variedades. Em alguns casos, a concentração verificada estava 20 vezes maior que a habitual. Posteriormente, os resultados dos períodos de seca e chuva foram comparados, levando à conclusão de que os metais pesados foram encontrados em altas concentrações na atmosfera, sobretudo no período de estiagem.

Preço

Outra conclusão tirada pela pesquisadora foi a de que o pólen é melhor para esse tipo de medição do que o mel. “O pólen fica mais exposto que o néctar, e isso facilita o depósito dos metais pesados dispersos no ar. Ele é poroso e tem constituição química que permite melhor fixação dos metais pesados, além de ficar mais exposto na flor do que o néctar. Também é importante dizer que o pólen não é processado pelas abelhas, que engolem o néctar e o regurgitam com várias enzimas”, explica. “Daí, o mel ter menor concentração de metais pesados que o pólen (10 a 20 vezes menos, às vezes).”

Uma das vantagens desse método de pesquisa, acredita Nathália, é seu baixo custo: “A abelha é barata e o equipamento para análise do mel e do pólen, geralmente, as mineradoras têm.” Fazem parte dessa aparelhagem itens como espectofotômetro (que informa quais elementos químicos foram encontrados e a concentração de cada um) e um tipo de forno de micro-ondas que atinge temperaturas mais elevadas que o doméstico (para eliminar elementos orgânicos da amostra). Além disso, o monitoramento feito por abelhas rende informações mais abrangentes que as fornecidas por coletores de poeira.

A pesquisadora informa que há mineradoras interessadas em adotar essa metodologia para medição de poluição. “Ano que vem, devemos iniciar esse trabalho com uma empresa grande, em conjunto com a Ufop”, adianta. Nathália dará prosseguimento à pesquisa em seu doutorado.

Legislação do mel em pauta

As abelhas nativas brasileiras também têm lugar de destaque nas discussões da cena gastronômica brasileira. De acordo com a legislação nacional, apenas o mel proveniente da Apis mellifera pode ser chamado como tal, em razão da espécie do inseto e do nível de umidade do produto final (que, no caso do mel nativo, é maior que o determinado – 20%). No momento, estão em pauta temas como a necessidade de legislação específica para esses méis e processos que diminuam a umidade presente neles.

“Os méis de abelhas brasileiras, que são cerca de 300 tipos, têm em torno de 30% a 35% de umidade. Então, fermentam. São vivos, como queijos e vinhos. Essa lei foi feita em 1952 e sem estudos profundos para dizer que esse tipo de mel poderia trazer doenças, se consumido. Repetindo: não há estudo científico comprovando que esse mel fermentado faça bem ou mal à saúde”, polemiza o chef Alex Atala, do restaurante paulistano D.O.M., defensor do ingrediente.

Ele aproveita para lembrar a também atual discussão em torno dos queijos artesanais mineiros, cujo processo de produção (com leite cru, não pasteurizado) ainda gera discussão sobre segurança alimentar. “Na Europa, também houve problema com esses queijos, e como resolveram o problema? Foi entendido que, uma vez que representam uma cultura e que séculos de consumo nunca mataram ninguém, a cultura salvaguardava a existência desse produto. Os méis brasileiros fermentados são usados pelos índios como remédio. Por que nossa cultura vai continuar ignorando uma sabedoria ancestral?”, conclui.

Fonte: http://www.em.com.br/

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Veja programa que incentiva a criação de hortas em escolas públicas


Este ano, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), quer reforçar o papel da agricultura familiar para acabar com fome e estimular produção sustentável.





quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Repressão é pouco: Humanizar as cidades e torná-las mais dinâmicas facilita o trabalho das polícias, dizem especialistas em segurança

Cápsulas de balas na favela da Maré, no Rio de Janeiro

"O Brasil prende muito e prende mal.” A afirmação deixou calada a plateia de convidados e especialistas reunidos no Recife para mais um evento da série Diálogos Capitais – Metrópoles Brasileiras sobre políticas de segurança e bem-estar social. O desabafo partiu de José Luiz Ratton, idealizador de um dos mais bem-sucedidos projetos de redução da violência no Brasil, o Pacto pela Vida, que derrubou os indicadores criminais em Pernambuco e, em especial, na capital do estado.

O programa Pacto pela Vida, estruturado pelo governo estadual na gestão de Eduardo Campos, conseguiu reduzir os indicadores de violência em 40% no interior e em 60% no Recife, o que significa, respectivamente, 34 e 28 homicídios para cada 100 mil habitantes. Convidado para a abertura do evento, o prefeito da capital, Geraldo Julio, disse que não se pode mais imaginar que as questões de segurança podem ser deixadas apenas a cargo dos governos estaduais. “É preciso a participação das prefeituras, o envolvimento dos prefeitos, para construir as bases de uma sociedade onde o bem-estar se sobreponha à insegurança.”

Segundo Julio, a violência não se combate mais da forma antiga, com meros investimentos em mais repressão e inteligência policial. Rever o planejamento urbano e estimular os moradores a ocupar as ruas, a torná-las espaços dinâmicos, públicos, de convívio saudável, é tão importante quanto equipar as forças de segurança. “Os cidadãos escondem-se atrás dos muros altos e nos condomínios fechados. A rua virou espaço do crime. Essa lógica não se sustenta mais. Não podemos mais ter áreas de usos exclusivos, como um centro de escritórios que fica abandonado à noite ou bairros residenciais que passam o dia vazios.”

A mesa de debates, que se seguiu à apresentação do prefeito do Recife, reuniu Elkin Velásquez, diretor-regional do ONU-Habitat, José Luiz Ratton, sociólogo e idealizador do Programa Pacto pela Vida, e Cesar Barreira, coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará e ex-diretor da Academia de Polícia daquele estado. A falta de coordenação entre os principais agentes da segurança pública e o despreparo no enfrentamento dos problemas foram dois dos principais obstáculos apontados pelos debatedores. Para eles, é muito simplista a forma reducionista como os problemas relacionados à violência são tratados.

“Não é uma questão de número de polícias, mas da falta de integração entre elas”, afirmou Barreira. “Quando um inquérito chega a ser instaurado, surgem os problemas estruturais para levar um preso a julgamento. Há entraves nos institutos médicos legais e na forma como os processos são conduzidos.” O pesquisador acrescenta: “Na audiência de instrução, todos os envolvidos precisam estar presentes. Se falta uma testemunha, o processo vai para o fim da fila”.

O Brasil, com 29 homicídios para cada 100 mil habitantes, não é o único país da América Latina a apresentar altos indicadores de violência. A situação é mais ou menos generalizada tanto na quantidade de crimes quanto na incapacidade das autoridades em solucioná-los e levar os autores à Justiça. Dados da Organização das Nações Unidas apontam: a taxa de homicídios por 100 mil habitantes na região vai de 90 em Honduras a entre 5 e 6 no Uruguai e na Argentina.

De acordo com Velásquez, a segurança é um problema central na sub-região. Colombiano nascido em Medellín, conhecida pela violência extrema nos anos 1980, Velásquez assistiu de perto aos resultados das ações que fizeram cair de 400 para 30 o número de homicídios a cada 100 mil habitantes, principalmente a partir de ações de integração urbana e oferta de serviços públicos. “As cidades de nossa região se desenvolveram produzindo segregação e precisam de planejamento para sair desse cenário.” O especialista da ONU reconhece que as intervenções de reestruturação e adensamento urbano custam caro, mas aponta como necessárias se quisermos cidades mais inteligentes e capazes de oferecer melhores serviços e qualidade de vida aos seus habitantes.

Ratton listou diversas falhas estruturais na forma como a questão da violência é enfrentada no Brasil. A segregação e o preconceito, afirmou, levaram à produção de criminosos e vítimas entre jovens negros pobres e moradores de periferias mal atendidas pelo Estado. “Coincidentemente, esse é também o perfil majoritário das cadeias e penitenciárias brasileiras.” Existe uma dicotomia entre a percepção de impunidade que a sociedade tem em relação à violência e a realidade das cadeias superlotadas. Por isso, insiste o sociólogo, “prende-se muito e prende-se muito mal” no País. “Grande parte dos presos é de jovens sem histórico de violência que acabam atrás das grades por intermediar a venda de drogas.” Ratton defendeu uma revisão das políticas de combate ao tráfico de drogas. “Perdemos essa guerra.” Para ele, é necessário mudar completamente o enfoque, a exemplo do Uruguai e de diversos estados norte-americanos. “Não podemos ter todo o aparato policial focado nas drogas e incapaz de solucionar os crimes violentos que abalam a sociedade e as famílias, que muitas vezes também têm relação com o controle de territórios por parte do tráfico.” Entre as ações sugeridas está a adoção de mecanismos de prevenção de vitimização de grupos específicos, como mulheres, jovens e comunidades LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais).

A integração entre os principais agentes na área de segurança é um dos pontos mais destacados por todos os participantes do debate. Mas a unificação das polícias ou a redução da maioridade penal não seriam, disseram os participantes, panaceias para os males da violência. Cesar Barreira, com experiência na formação de policiais, explica ser necessária a construção de pontes entre as diversas forças para o trabalho de policiamento e investigação se tornar mais efetivo. “É preciso valorizar os policiais e dar a eles uma quadro institucional mais claro.” Isso significa, principalmente, formular ações para resgatar a autoestima dos profissionais que atuam nas polícias, inclusive nas guardas municipais, que não devem desempenhar o mero papel de vigias patrimoniais, mas sim profissionais preparados para manter a integridade da população.

Existem falsos dilemas, disse Barreira, nos debates sobre segurança pública. Alguns deles são a redução da maioridade penal ou a aplicação da pena de morte, que, segundo o especialista, não teriam nenhum impacto real sobre o quadro institucional da violência. “É preciso mudar o foco, não podemos mais ficar atrás de pequenos traficantes, enquanto os crimes que afetam as famílias ficam impunes por uma desorganização institucional que não atinge apenas as polícias, mas toda a forma como as instituições de Estado atuam.” Outro ponto importante destacado pelos três debatedores é o fato de a coexistência de duas ou mais corporações com funções na área de segurança e policiamento não ser um obstáculo para a qualidade do trabalho. “Na maior parte dos países do mundo existe mais de uma força policial”, disse Ratton. “Esse é um debate inócuo, pois as polícias militares têm muita força no Congresso.”

Um dado pouco explorado nas discussões relacionadas à segurança pública é o impacto dos números e a sensação de insegurança em determinadas cidades ou regiões sobre a capacidade de desenvolvimento econômico naqueles territórios. Existe a percepção de queda nos investimentos em áreas de enfrentamento militar, mas poucos são os dados sobre locais que não estão em zona de conflito, mas apresentam indicadores muito acima da média. O diálogo mostrou que os meios de comunicação têm um papel importante em espalhar a sensação de insegurança, muitas vezes por estimular temores maiores do que a realidade recomenda. Por isso a importância de dar voz aos especialistas e não apenas aos comentaristas da mídia.

Um alerta de Ratton: o próximo presidente precisará assumir papel protagonista nas questões relacionadas à segurança pública em todo o País. Não basta ter uma “força de segurança”. É preciso agir para melhorar a qualidade e a efetividade dos sistemas estaduais.


*Colaborou Dal Marcondes.

Fonte:
http://www.cartacapital.com.br/

Paraná atua para reduzir problemas com agrotóxicos

O objetivo é colocar a questão na agenda dos municípios e minimar os riscos à saúde e ao meio ambiente Agência Estadual de Notícias, em Tribuna do Norte

Foto: Venilton Küchler/SESA

A Secretaria Estadual da Saúde encerrou nesta terça-feira (14), em Curitiba, o ciclo de seminários regionais, com o objetivo de reduzir os problemas causados pelos agrotóxicos. Ao longo de oito meses foram realizados nove eventos que reuniram mais de 600 gestores, pesquisadores, profissionais de saúde e trabalhadores que atuam na área.

A realização dos seminários é uma das diretrizes da política estadual de saúde do trabalhador lançada em 2011 pelo Governo do Estado. Após as discussões,  foi proposta a criação de comitês intersetoriais para tratar o tema de forma permanente em cada um dos 24 municípios definidos como prioritários pelo Centro Estadual de Saúde do Trabalhador (Cest).

De acordo com o superintendente de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz, o objetivo é colocar a questão dos agrotóxicos na agenda dos municípios, já que o uso indiscriminado desse tipo de produto traz diversos prejuízos à população. “O agrotóxico não é um problema apenas ambiental, mas também reflete diretamente na saúde de trabalhadores e consumidores. Por isso, devemos atuar em conjunto para articular ações que reduzam o risco à população”, disse.

Hoje, o Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos no mundo e esse consumo vem crescendo ano a ano. Devido à forte produção agrícola, o Paraná enfrenta situação parecida. Segundo levantamento do Cest, o Estado concentra 14 indústrias de agrotóxicos, sendo quatro somente em Curitiba e Região Metropolitana.

ORGÂNICOS – Edinei do Nascimento, representante do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção ao Meio Ambiente, afirma que o momento é preocupante e por isso é preciso fomentar cada vez mais a prática da agroecologia. “Temos diversas ações voltadas ao incentivo do consumo de alimentos orgânicos. Iniciativas como a do Paraná, que oferece merenda escolar orgânica, deveriam ser seguidas”, ressalta.

Desde o início de 2014, a Secretaria da Saúde monitora a qualidade dos produtos da agricultura familiar ofertados na merenda escolar da rede estadual. A análise de resíduos de agrotóxicos garante a segurança das refeições servidas aos mais de 1,3 milhão de alunos paranaenses.

NÚMEROS – Anualmente, o Paraná registra em média 1,3 mil casos de intoxicações agudas por agrotóxicos. Outro tipo comum de intoxicação é a crônica, que acontece a partir de uma longa exposição a um determinado produto. As maiores vítimas são os trabalhadores rurais que desenvolvem problemas de saúde de maneira gradativa e silenciosa.

O diretor do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador, José Lúcio dos Santos, explica que é muito difícil identificar a intoxicação crônica precocemente. “Nesses casos, é preciso que a equipe de saúde esteja atenta aos sintomas e relacione com o trabalho do paciente”, conta.

Para auxiliar os profissionais, o Estado editou um protocolo pioneiro no país que direciona o atendimento, diagnóstico e vigilância dos casos de intoxicação crônica por agrotóxicos no Paraná. O documento está disponível na página da Secretaria da Saúde: www.saude.pr.gov.br

AGRICULTURA – Outra ação colocada em prática no Paraná para reduzir o uso de agrotóxicos é a campanha “Plante seu Futuro”, que tem como tema a adoção de boas práticas de Manejo Integrado de Solos e Águas, Manejo Integrado de Pragas, Manejo Integrado de Doenças, Manejo Integrado de Plantas Invasoras, Tecnologias de Aplicação de Agrotóxicos e Controle de Formigas Cortadeiras.

A grande ferramenta da campanha é o resgate de práticas antigas e já conhecidas do agricultor e que ao longo dos anos foram deixadas de lado, como o controle biológico, de manejo e genéticos. A recomendação é recorrer aos agroquímicos somente quando for necessário. Para isso, inicialmente o agricultor conta com o auxílio de um profissional a campo, que pode ser um técnico do poder público ou da iniciativa privada, que vai ajudar o agricultor a tomar a decisão de aplicar ou não o agrotóxico na hora certa.

Os resultados da primeira etapa da Plante seu Futuro comprovam que nas unidades demonstrativas instaladas para controle e monitoramento da incidência de pragas e doenças nas lavouras de soja, a média de aplicações de agrotóxicos foi reduzida à metade.

Em áreas onde o Manejo Integrado de Pragas (MIP) não foi adotado, a média foi de cinco aplicações de inseticida nas lavouras de soja do Paraná. Nas áreas assistidas pela Emater-PR – unidades de referência - , a aplicação de inseticidas foi reduzida para 2,3 vezes.

De acordo com a Embrapa, os resultados foram obtidos na safra 2013/14, em 46 unidades de referência, conduzidas pela Emater-PR, com 330 produtores do Estado, em que se avaliou o impacto de utilização no Manejo Integrado de Pragas.

A campanha tem a parceria de entidades como a Federação na Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), Emater, Iapar, Itaipu Binacional,Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Banco do Brasil, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Apepa (Associação Paranaense de Planejamento Agropecuário), entre outras.

Fonte:
http://tnonline.com.br/